Ciclo de palestras abre programação sobre inclusão social de pessoas com autismo
Os direitos da pessoa com deficiência e a interação entre espiritualidade e medicina foram temas das explanações feitas na noite desta sexta-feira, 28, pela advogada Tatiana Takeda e pelo médico Sérgio Thiesen no “1º Ciclo de Palestras para Famílias de Pessoas com TEA”, no auditório da Justiça Federal em Alagoas (JFAL). A ação faz parte da programação do Abril Azul, promovida pela instituição, através da sua Comissão de Acessibilidade e Inclusão e está em consonância com a Resolução 401 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O diretor do Foro, juiz federal Aloysio Cavalcanti Lima, abriu o evento prestando homenagem às pessoas com o espectro. Ele parabenizou a iniciativa da CAI pela noite de palestras e reforçou as iniciativas inclusivas do Judiciário federal alagoano. “A Justiça Federal está honrada por hospedar um evento como esse, de cunho social e tão sensível, para famílias e pessoas com Transtorno do Espectro Autista e outras condições. Nossa instituição abraça as pessoas com o espectro. Buscamos compreender, cada vez mais, a diversidade de pessoas e vemos a necessidade de prestar o auxílio para essas pessoas. Estamos abertos para sempre cooperar com a sociedade”, declarou o diretor do Foro.
Diante da importância do evento, o presidente do CAI, juiz federal Felini de Oliveira Wanderley, destacou a relevância do diálogo para a melhoria do trabalho no Judiciário. “O índice do autismo vem em uma crescente, aumentando de maneira exponencial nos últimos anos e isso tem impactado nas demandas judiciais”, explicou. Para o magistrado, a palavra empatia norteia a Comissão de Acessibilidade. Ele reafirmou, ainda, o compromisso da Comissão em dialogar sobre as diferenças e a promoção da inclusão no Judiciário.
Importância do evento
Quem também ressaltou a importância de ações como a realizada pela JFAL foram a secretária de Estado da Cidadania e da Pessoa com Deficiência, Aline Rodrigues dos Santos e o promotor da infância e juventude do Ministério Público Estadual (MPE), Alberto Tenório, presentes ao evento.
Especialista no Direito da Pessoa com Deficiência (PCD), a advogada Tatiana Takeda falou sobre o tema “A sociedade como maior empecilho para a inclusão”, como foco no que concerne ao acesso à educação e a inclusão na sociedade. “A criança, no geral, tem o direito à educação. Esse é um direito assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente [ECA]. As crianças com TEA têm, também, esse direito, mas a inclusão não é só estar no ambiente escolar, mas sim a providência do aprendizado”, explica. Tatiana acrescenta que as crianças com autismo precisam um olhar adequado para elas, de forma a não configurar discriminação, mas inclui-la efetivamente na sociedade.
No segundo momento, o médico Sérgio Thiesen trouxe para os presentes a palestra “Autismo: a extraordinária contribuição da Espiritualidade à Medicina”. Na oportunidade, ele falou um pouco sobre a causa do Transtorno do Espectro Autista em decorrência da fé. Para ele, o diálogo diz quem é o ser humano a partir de uma questão espiritual. “Não é apenas uma questão que todos pensam, advinda da genética e quaisquer outros elementos causais. Somos espíritos e o nosso corpo é uma consequência disso para o nosso progresso. As doenças vêm de determinadas situações antigas e se manifestam hoje, seja na cardiologia, seja na neurologia, psiquiatria e assim por diante”, explanou. Thiesen também falou da importância de um debate para o entendimento da raíz dos diferentes espectros.
Valorização
Mãe de uma criança de 4 anos de idade diagnosticada com o espectro autista, Yolanda Maria do Nascimento, de 47 anos, marcou presença no ciclo de palestras. Ela destacou a importância do momento para ela e as demais famílias de crianças que já estejam ou ainda busquem o diagnóstico.“É uma grande valorização não só para os pais mas para a sociedade geral em Maceió, vendo que os magistrados estão tendo essa sensibilidade para inclusão das crianças com autismo, pessoas de alta influência engajadas na nossa causa. Ficamos felizes por ter pessoas para nos representar. Juntos somos mais fortes, de grão em grão veremos os frutos serem colhidos em nossa cidade”, avaliou.
A programação teve prosseguimento no sábado, 29, com a triagem diagnóstica a 50 famílias selecionadas através de análise social. Trata-se de uma ação, também coordenada pela Comissão de Acessibilidade e participação de diversos parceiros, para oferta de serviços diversos às famílias, como emissão de carteira de identidade, assistência jurídica, carteira de passe livre, entre outros.