Triagem diagnóstica de autismo: 50 famílias atendidas em ação da JFAL
Cinquenta famílias tiveram a oportunidade de sair da Justiça Federal em Alagoas (JFAL), no último sábado, 29, com um diagnóstico de autismo. O sentimento foi um misto de alegria pelo atendimento e, também, a certeza de que tem início uma longa caminhada para a garantia de seus direitos. O resultado é fruto da II Triagem Diagnóstica de Autismo, promovida pela Comissão de Acessibilidade e Inclusão (CAI) da JFAL. A iniciativa forneceu, gratuitamente, atendimento psicológico, orientação jurídica, emissão de Carteira de Identidade, entre outros serviços, para famílias em busca do diagnóstico.
Foi o que aconteceu com os pais de Sebastian Mateus, de 3 anos de idade, Andresa Alexandre da Silva e Eduardo Alexandre Costa. A mãe disse que o diagnóstico foi fundamental para perceber as diferenças do menino. “A triagem desempenhou um papel muito importante. Nós só percebemos as diferenças do Mateus com esse diagnóstico. Até então, ele estava com 2 anos e meio e nós considerávamos normal. Essa visibilidade foi essencial. Agora iremos dar todo o apoio e mais orientação. Tenho certeza de que vai dar tudo certo”, disse ela, enquanto esperava atendimento no posto do INSS, logo após o recebimento do diagnóstico. Sebastian aproveitou para brincar um pouco no Espaço de Acolhimento, instalado no prédio da JFAL.
O presidente da Comissão, juiz federal Felini Wanderley, destacou o caráter benéfico-social que a triagem desempenha. “É com muita alegria que estamos contribuindo com a redução da fila de diagnósticos do TEA, que é muito grande no estado. Muitas famílias ficam 2 anos em fila de espera e isso prejudica na vida e no bem-estar das famílias e das próprias crianças. Aqueles que vão ser avaliados na ação social são pais que não têm condições econômicas de ter esse diagnóstico”, declarou o magistrado.
As famílias receberam todo o suporte psicológico necessário para dar os próximos passos, nos casos de confirmação do diagnóstico. A psicóloga da Seção de Saúde da JFAL, Vilma Janaína Rios Cabral descreveu a importância da preparação familiar antes de receber a notícia do quadro da criança na condição. “As famílias passam pela psicologia, previamente para se preparar. Sabemos que é um momento muito tenso para elas, que pode ser desnorteador. É muito importante um acolhimento e estabilização emocional para que os entes tenham consciência do que vem a seguir”. A psicóloga reforçou ainda o crescente número de casos de pessoas dentro do espectro.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL), Vagner Paes, marcou presença no momento. Ele falou a respeito do espectro e elogiou a iniciativa da Justiça Federal. “O evento de hoje é uma grande ação, para muitas famílias é um alento e uma celeridade no diagnóstico. As crianças têm todo o suporte a partir da constatação. Elas já saem daqui com carteira de identidade, cartões da SMTT e assistência jurídica gratuita. Em apenas um dia a JFAL consegue resolver inúmeros problemas e dificuldades e permite que elas possam ter mais conforto e dignidade”, disse Paes.
A ação representa um olhar mais humano na instituição, como conta o defensor público da União, Diego Bruno Martins Alves. “Estamos no mês da defesa do autismo e essa interação é relevante para simbolizar à sociedade que as instituições estão de braços abertos. Tanto para receber quanto para defender seus direitos, principalmente pessoas vulneráveis. São ações necessárias que prestam serviço de saúde e que também dão assistência “, declarou. O procurador defendeu, ainda, que ações como essa sejam mais frequentes, a fim de contemplar uma sociedade mais inclusiva.
Já o defensor público de Alagoas, Isaac Vinícius Costa Souto parabenizou a JFAL e as parcerias realizadas, pela agilidade do evento. “Essa é uma iniciativa de excelência. A JFAL juntamente com várias entidades no acolhimento e atendimento às famílias mostraram uma dedicação que demanda muito amor e carinho, além de buscar conhecimento ao acesso pela saúde e educação de uma forma digna tratando o igual apesar de suas desigualdades. É uma ação muito oportuna pela versatilidade do diagnóstico seguido das ações”, declarou.
A Clínica Integração, voltada para tratamento de crianças com o TEA, trouxe atividades musicais para as crianças, além de um convidado especial. O coelho, até então sem nome, atraiu pela diferença e despertou a curiosidade dos pequeninos.
A coordenadora da clínica, Danyelle Cavalcante, explicou a importância das terapias especializadas com os animais para trazer maior conforto aos mais jovens diagnosticados com TEA. “É importante que a criança tenha momentos de naturalidade, coisas que chamem a atenção delas. Muitas vezes o profissional não consegue atrair as crianças e um animal desperta essa resposta. Esse estímulo ajuda no processo de acalmar e no processo de resposta. O coelhinho chama a atenção a todo movimento e a criança responde melhor ao comando”, explica.
Participaram da ação deste sábado, na Justiça Federal em Alagoas, a Defensoria Pública da União (DPU), Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE), Caixa de Assistência dos Advogados, OAB/AL, Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), Secretaria de Saúde do Estado (Sesau), Secretaria de Estado da Cidadania e da Pessoa com Deficiência, SMTT, Clínica Integração, Instituto de Identificação de Alagoas, Centro Universitário Cesmac, a Direito Autista, Centro Universitário Tiradentes (Unit) e Sindicato dos Advogados, Cliníca Integração, Conselho Regional de Medicina (CREMAL), Escola Cecília Meireles, Instituto Multidisciplinar de Alagoas (IMAS), Grupo Rafael Tenório e o Centro Terapeutico Multidisciplinar INCLUA.